No imaginário popular em diferentes regiões do País, a figura do
Caipora está intimamente associada à vida da floresta. Ele é o guardião
da vida animal. Apronta toda sorte de ciladas para o caçador, sobretudo
aquele que abate animais além de suas necessidades. Afugenta as presas,
espanca os cães farejadores, e desorienta o caçador simulando os ruídos
dos animais da mata. Assobia, estala os galhos e assim dá falsas pistas
fazendo com que ele se perca no meio do mato. Mas, de acordo com a
crença popular. é sobretudo nas sextas-feiras, nos domingos e dias
santos, quando não se deve sair para a caça, que a sua atividade se
intensifica. Mas há um meio de driblá-lo. O Caipora aprecia o fumo.
Assim, reza o costume que, antes de sair numa noite de quinta-feira para
caçar no mato, deve-se deixar fumo de corda no tronco de uma árvore e
dizer: "Toma, Caipora, deixa eu ir embora". A boa sorte de um caçador é
atribuída também aos presentes que ele oferece. Assim, por sua vez, os
homens encontram um meio de conseguir seduzir esse ente fantástico. Mas
fracasso na empreitada é atribuído aos ardis da entidade. No sertão do
Nordeste, também é comum dizer que alguém está com o Caipora quando
atravessa uma fase de empreendimentos mal sucedidos, e de infelicidade.
Há muitas maneiras de descrever a figura que amedronta os homens e
que, parece, coloca freios em seus apetites descontrolados pelos
animais. Pode ser um pequeno caboclo, com um olho no meio da testa,
cocho e que atravessa a mata montado num porco selvagem; um índio de
baixa estatura, ágil; um homem peludo, com vasta cabeleira.
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